Um lugar pra recomeçar – Parte I
Quando se decide um novo canto pra recomeçar, é preciso checar e sentir. Passo a checagem pra quem entende e sigo sentindo, porque é assim que transito pelo mundo. É assim que tropeço menos.
Toco o portão pra sentir a delícia de escancará-lo e abraço, com a alma, cada amigo que entra misturado à brisa.
Ali mesmo, do portão, espreguiço o olhar pro banquinho e quase ouço as conversas e os silêncios que nos esperam ali.
De volta pro quintal, espio a vizinhança e me sinto absurdamente protegida. Mais de mil espadas de São Jorge a nos guardar.
Da casa se vê o quiosque, e do quiosque se enxerga a casa. Vem de lá o cheiro do primeiro café.
A poucos metros, o pequeno cômodo. É ali que vai funcionar a oficina. Primeiro os óculos, depois quem é que sabe….
E de repente está tudo ali.
Agora, máquina e ferramentas, despachadas em São Paulo, já podem chegar.
De repente está tudo ali. Tempo e silêncio.
Tempo pra recomeçar.
Silêncio onde cabe tudo. Onde até as meias palavras podem tornar-se inteiras outra vez.
Agora é só esperar.